sábado, 4 de junho de 2011

Bloody Rhodes - Conto 2 - "Viva Com Isso"



Eram dez horas da noite quando o pai de Lilian chegou do trabalho. Ele parecia transtornado, algo deve ter acontecido na delegacia. Pela altura da voz e movimentos desengonçados  , o homem deve ter bebido um pouco depois do serviço, talvez para se acalmar... obviamente, não deu certo. Ele se senta no sofá, abre a braguilha, tira os sapatos e grita o nome da filha... Ela desse as escadas rapidamente e chega à sala. Era uma menina magra, não muito alta e loira. Usava os cabelos presos e roupas muito gastas. Não deveria ter mais que dezessete anos. "Eu quero um café!" ele disse. Ela rapidamente corre até a cozinha para preparar o café. Lilian retorna à sala com a caneca cheia e se aproxima de seu pai. As mãos trêmulas do homem tentam alcançar o café, mas sua falta de coordenação acaba derrubando a caneca de porcelana no carpete. Os cacos se espalham pelo chão ...O líquido quente acerta os pés de Mulligan, que furioso, urra de dor. Lilian dá alguns passos para trás, com o medo estampado em sua jovem face. Ela já sabe o que está por vir...
      ”Isso é culpa sua verme inútil!” O xerife cerra os punhos e acerta um soco bem no olho da filha, que cai no chão na hora, por muito pouco ela não desmaia. Quando Lilian tenta se levantar, Mulligan chuta seu estômago.A menina tenta gritar, mas a falta de ar não permite.Estirada no sobre alguns cacos e a poça de café, a pobre jovem é pisoteada e esmurrada, enquanto seu pai grita "Nem pra isso você serve!Olha a bagunça que você fez sua inútil!É pior que a sua mãe!".As palavras machucavam quase tanto quanto as pancadas.Um momento de silêncio se segue.Eles se olham por alguns segundos.O olhar de Lilian transparece medo, repulsa e muita, muita dor.Já os olhos de Mulligan, que inicialmente transbordavam fúria, aos poucos vão mudando, transparecendo um sentimento tão ardente quanto a ira que ia se esvaindo...desejo.Lilian percebe isso.O xerife olha fixamente para o corpo da filha enquanto tira a calça e debruça seu corpo sobre o dela... E então começa a arrancar suas roupas. Ela tentaria resistir, se não soubesse que se o fizesse seria pior. Quase não sobreviveu da ultima vez que resistiu. Ela até se debate um pouco, mas ele é forte demais. Mulligan dá mais um soco, agora no estômago na desafortunada Lilian para que ela pare de se mexer. Um pedaço de porcelana corta as costas da menina.Ele percorre as curvas dela com os dedos até seus seios e então os aperta violentamente.Uma lágrima desce do olho direito de Lilian, enquanto ela olha fixamente para o teto, tentando escapar disso tudo.Seus olhos agora não exibem mais nenhum medo ou dor...apenas raiva e nojo.
Eram onze e quatorze quando Mulligan saiu de casa para patrulhar. Liliam estava em seu quarto fazendo os curativos para os cortes e hematomas em seu corpo. Ela se vê no espelho... O olho esquerdo estava muito roxo, os lábios estavam inchados.Seu corpo estava coberto de cortes e marcas roxas.Lágrimas desciam pelo seu rosto, mas ela mantinha uma expressão dura.Tinha que ser forte.Mais ou menos onze e meia, ela escutou alguém batendo na porta enquanto estava deitada na cama.Era uma cidade pequena, ninguém fazia visitas naquela hora da noite, e ela não tinha muitos amigos, muito menos Mulligan...na certa, seu pai esqueceu as chaves em casa e estava trancado do lado de fora.Ela esperou imóvel na cama enquanto as batidas na porta continuavam.Queria que ele desistisse.Queria que ele fosse embora.Queria que ele sumisse de sua vida.Foi quando ela escutou um barulho forte, de algo pesado caindo no chão com muita força.O infeliz tinha derrubado a porta, e agora ia perguntar por que ela não a abriu.Com certeza ele não seria nada gentil.Foi quando uma voz desconhecida veio das escadas.

- Mulligan, nós temos assuntos a tratar... - a voz era de homem, de homem jovem para ser mais exato.

Lilian estranhou. Quem viria a essa hora da noite para falar com seu pai?Que assuntos seriam esses que não podiam ser tratados pela manhã?Na certa, nada muito bom. Amedrontada, ela se levanta da cama e tenta abrir a janela para fugir. Quando ela consegue destravar a tranca da janela, uma voz veio do canto do quarto.

- Você não parece ser o Mulligan.Pra onde está indo? - disse o homem misterioso sentado na cadeira de braço no canto do aposento. Era um homem não muito alto, com cabelos curtos e negros, trajando uma jaqueta preta.

- Como você entrou aqui? - perguntou Lilian aterrorizada, olhando para a porta fechada...e trancada.

- Faz alguma diferença? - Respondeu Rhodes, com um certo riso em sua voz.

- Quem é você? - Lilian olha pela janela...era uma queda de pelo menos quatro metros, e ela já estava muito machucada...não valeria a pena.

- Faz alguma diferença? 

- O que você quer com o Mulligan?

- Negócios a tratar...ele me enganou, eu vim tirar isso a limpo - Ele observou o olho de Lilian com atenção.Estava roxo- Foi ele que fez isso com você?

- Foi - disse Lilian com dor e vergonha em sua voz.

- Por que ele fez isso com você?

- Por que ele é um escroto depravado e sem alma! - gritou Lilian. Logo ela pôs as mãos na boca como se tentasse se calar. Ela nunca tinha falado dele assim, não na frente de outras pessoas... Muito menos para um desconhecido.Estranhamente, ela se sentia à vontade para falar isso com ele.

- Onde ele está agora? 

- Por que quer saber?

- Eu já disse, quero tirar uma situação a limpo com ele.

- Você vai matá-lo? - Perguntou Lilian, com uma naturalidade assustadora.

- Está tão óbvio assim? - Riu jovem assassino. - Não, Não...não quero matá-lo...ainda não.Você quer?
O tempo para no aposento enquanto Lilian e Rhodes se encaram...A dor nos olhos da garota se dissolve, dando lugar a outra coisa...raiva talvez?   

- Quero... - ela respondeu lentamente e com certo receio...como se tivesse dito uma palavra proibida.

- Por que você  quer matá-lo criança? - O tom de voz dele ficou sério.

- Por que ele matou minha mãe...e está me matando. - Ao falar a palavra mãe, a voz de Lilian falhou, como se ela quisesse chorar.

- Me explique isso melhor criança - disse Rhodes friamente

- Ele batia na minha mãe, fazia ela chorar sempre. Ele a magoou muito. Então, um dia... - Lilian começou a chorar - Até o dia em que ela pegou a arma dele escondida, e apontou pra ele enquanto o infeliz dormia...

Um silêncio doloroso tomou conta do quarto. Então Lilian continuou.

- Ele acordou. Ele implorou para que ela largasse a arma...disse que ia mudar, disse que ia melhorar, disse que ia parar de machucar ela... - Lilian soluçou - então ela baixou a arma e começou a chorar. O maldito sorriu e disse que sempre soube que ela não ia fazer isso. Disse que ela era fraca e inútil, e por isso ele tinha vergonha de ser casado com ela... - Lilian começou a chorar descontroladamente.

- Termine, por favor - Pediu Rhodes friamente

- Ela pegou a arma... Levou até a cabeça e puxou o gatilho. Ela sabia que não poderia mais viver assim. Ela sabia que não poderia matá-lo por que ainda o amava. Então ela - Lilian soluçou alto e se sentou abaixo da janela, com as mãos no rosto - ela se foi.Ela se matou.Ela se matou por que sabia que era a unica maneira de escapar e...

     - Ele bate em você desde então?

    - Ele faz pior que isso... - Lilian respondeu com nojo em seu tom de voz. Rhodes entendeu.

    - Ouvi o suficiente - ele se levantou - vou matar ele para você. 

O desconhecido simplesmente caminhou até a porta e a abriu, completamente insensível à dor de Lilian. Ele andou até o quarto de Mulligan, e começou a revirar o aposento, procurando por alguma coisa. Lilian o viu saindo do quarto de seu pai com uma maleta prateada.

- Já tenho tudo que precisava daqui...ele estará morto até o amanhecer...boa noite criança.

Lilian ficou observando o Rhodes sair da casa, andando calmamente pela estrada, até que a distância o fizesse sumir...



Agora são duas da madrugada. Lilian está na sala de jantar encarando a arma de seu pai. Era uma pistola preta e pequena, uma Glock 9mm.Ela sabia o que tinha que fazer, mas não sabia se tinha coragem para tanto.Ela tomou a arma em suas mãos.Tremia muito.Ela aponta a arma para a própria cabeça e toma fôlego.

- Por que você vai fazer isso? - disse uma voz fria vinda da porta da sala de jantar. O desconhecido voltou. Mesmo com o susto, Lilian não abaixa a Glock.

- Por que eu não faria? - respondeu Lilian furiosa.

- Seu pai está morto, com uma bala do tamanho de um dedo depositada no meio da cabeça. Você está vingada... Não se sente feliz? - perguntou Rhodes, curioso.

- Você não entende?Aquele verme nojento era um desgraçado desprezível, mas ainda era meu pai - Lilian soluça - encomendar a morte dele me torna tão ruim quanto ele!Eu sou um monstro!Um monstro como ele!

- Não acredita realmente nisso acredita?  - retrucou Rhodes. O silêncio novamente toma conta do ambiente por alguns momentos - Me diga... Por que você quer se matar?Não minta pra mim... Eu vou perceber.

- Eu... Eu pensei que quando ele morresse... Minha dor fosse embora. Mas não foi. O vazio continua aqui, me devorando por dentro. Não sei se consigo viver assim. Estou vingada... Não tenho amigos, família, nada. Sou sozinha, e não tenho motivos pra ficar viva. Ninguém vai sentir minha falta mesmo... - O tom de voz de Lilian era tão triste que se Rhodes fosse capaz de sentir pena, ele teria desabado.

- Humm... Eu tenho um bom motivo pra você não se matar - disse Rhodes sorrindo.

- Hã?Como ass... - a fala de Lilian foi abruptamente pelo som de um tiro. Rhodes atirou com sua arma bem no ombro de Lilian, que deixa a própria arma cair na hora, e logo depois vai ao chão, se contorcendo e urrando de dor. O chão da cozinha foi tingido de vermelho.

- Machuca pra caramba né?Tem certeza quer fazer isso na sua cabeça? - disse Rhodes apontando para a Glock.

- Seu filho da puta! - praguejou Lilian.

Rhodes pega uma toalha no armário da cozinha e pressiona contra o buraco da bala. A jovem suicida chora de tanta de dor.

- Mirei em um lugar mágico sabe... Sangra horrores, mas não tem nenhum ponto vital. Logo isso aí estanca e você pede um taxi, vai pro hospital, eles te enchem de morfina e pronto, você estará nova. - riu Rhodes.

- Seu desgraçado!Por que você atirou em mim? - Lilian não sabia se estava mais furiosa ou confusa.

- Pra você não atirar... Simples assim - a franqueza e calma na fala do homem misterioso chegava a ser cruel - Olha, eu não mato as pessoas sem motivo... - Rhodes calou-se pensativo por alguns instantes - Na verdade, às vezes eu mato sem motivo, mas não foi o caso do seu pai. Eu o matei por que eu sei que você precisava disso... Matei ele por que sabia que você precisava disso pra viver...Além disso, eu também tenho problemas com xerife, então digamos que fiquei levemente sensibilizado pelo seu caso.

Lilian fitou os olhos de Rhodes diretamente. Estranhamente, sua fúria estava indo embora. Ele estava certo.Sem Mulligan no caminho, ela finalmente poderia ter uma vida.Sem Mulligan, ela poderia ter uma vida de verdade, diferente do inferno que viveu até hoje.

- Antes que eu me esqueça - ele põe a mão no bolso e puxa cinco notas de cinqüenta dólares - isso deve cobrir o estrago da porta.

- Obrigad-do. - Lilian realmente não esperava por isso.

- Ah, o corpo do seu pai está jogado no seu quintal, se eu fosse você, daria logo um jeito nele, algum vizinho pode ver...

- O que? - perguntou atônita.

- Ah, e tem dois garotos mortos lá também... Não estavam nos meus planos, mas deu fome...

Lilian encara Rhodes horrorizada, enquanto ele simplesmente dá as costas para ela e sai andando... Ela consegue enxergar um sorriso em seus lábios enquanto o assassino se vira.

- Você não pode me deixar sozinha aqui assim!Vão pensar que eu sou a assassina!Eu vou presa, e passar o resto da minha vida trancada... É isso que você quer que aconteça comigo?

- Ossos do ofício minha jovem dama... Além disso... Você matou sei pai, viva com isso! eu terei que viver...

Lilian estava sem palavras, só conseguia pensar em matar o desgraçado. A Glock estava caída bem ao seu lado... Apesar de estar com o braço hábil inutilizado pelo tiro no ombro, ela poderia tentar com o esquerdo. Ela apanha a pistola no chão e corre atrás de Rhodes... Mas já é tarde... Ele já sumiu nas sombras, tão rápido e silencioso quanto sua chegada. Ela ajoelhou e olhou para a estrada com esperança de ainda poder avistá-lo. Logo ela enxerga uma pá jogada no canto da sala. Lilian se aproxima da pá e logo enxerga uma mensagem gravada no cabo...



"Boa sorte assassina - J.R" 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Bloody Rhodes - Conto 1 - "Noite Rubra"

  Noite chuvosa na pequena cidade de Plainville, no interior do Kansas. Era meia-noite quando os dois irmãos John e Zachary Collins voltavam para casa, depois de muita bebedeira e sexo no bordel local, em seu velho Ford F-1000. Os dois garotos aceleravam pelos limites da cidade, rindo e gritando tão alto que era possível ouvi-los a muitos metros de distância. Infelizmente para eles, o ronco incessante do motor antigo somado aos gritos histéricos acabou chamando a atenção do xerife, que por muita sorte, ou talvez azar, patrulhava as proximidades. A histeria e a alegria logo deram espaço ao pânico quando os Collins ouviram a sirene. Ao perceber a aproximação do xerife, os garotos enfiaram o pé no acelerador, na esperança de conseguir sair dessa sem levar uma multa pra casa, e isso na melhor das hipóteses. O xerife era barra pesada, e costumava pegar pesado com garotos jovens inconseqüentes. A tentativa de fuga logo foi frustrada...a lama resultante da chuva na estrada de terra fez o carro atolar depois de poucos metros.Com certeza,a sorte havia abandonado os Collins essa noite.O xerife saiu da viatura e aproximou-se com sua arma em punho.Era um homem de meia idade, careca, estava um pouco acima do peso.
- Saiam do carro com as mãos na cabeça...não me forcem a tirar vocês daí! - disse o xerife com uma voz rouca e ríspida, tentando intimidar os jovens.
Os irmãos Collins se entreolharam. Já estavam ferrados, não tinham nenhuma escolha, melhor sair para não piorar a sua situação. Saíram do carro. A chuva caindo sobre suas cabeças tornou a situação ainda mais desconfortável. O xerife ordenou que os dois deitassem na lama com as mãos na cabeça. Estava muito frio. Zachary, o mais velho, repetia incessantemente em voz baixa, como se fosse um mantra:
- Eu nunca mais vou beber...eu nunca mais vou beber...
- O que disse palhaço? - disse o xerife, puxando Zack pelos cabelos - Tá querendo me provocar mariquinha?Tá me xingando mariquinha?
- Eu não disse nada senhor...eu não disse nada!
O xerife empurrou a cabeça de Zack contra a lama com muita força.Zack quis gritar, mas sua voz era abafada pela chuva e pela lama.
-  Deixa ele em paz! - gritou John...o medo em sua voz era tão aparente e genuíno quanto sua preocupação com o irmão.
- Oh, vejam só, temos mais um corajoso aqui...quem você pensa que é miserável? - O xerife sorriu...e logo em seguida acertou um chute nas costelas de John. - Eu sou a lei por aqui...nenhum de vocês manda em mim seus bêbados de merda!
- Pára! - Gritou Zack, tentando se levantar. O xerife dá um tiro para cima. Zack se joga no chão na hora paralisado de medo.
- E muito triste pra mim ver essa juventude perdida sabe - disse o xerife com um sorriso sádico em seus lábios - Na minha época, dois garotos que aparecessem bêbados a essa hora no meio do nada, com certeza levariam uma tremenda surra...o que eu faço com vocês garotos?
Os meninos estavam amedrontados...nunca em suas jovens vidas se arrependeram tanto de ter feito uma coisa, e esse arrependimento estava estampado eu seus rostos, misturados ao medo e a lama.
 - Sabem garotos - o xerife olha para baixo e pisa na mão de John - eu sou um homem da lei...mas por baixo de toda essa imponência, eu sou só um ser humano como vocês dois...um ser humano que sente dor, arrependimento...compaixão...agora me dêem um bom motivo pra não dar uma lição de verdade em vocês agora? - O xerife aponta seu .38 para o rosto de Zack agora, que fita o cano da arma completamente petrificado.
- Primeiro por que seria abuso de poder...e segundo por que você me deve respostas Mulligan... você não vai fazer nada com eles até que eu as tenha... - diz alguém, ainda oculto na sombra das árvores. Sua voz é calma e fria.
- Quem tá aí? - diz Mulligan apontando seu revólver em direção a voz.
- Você tá apontando uma arma pra mim?Que bonitinho...você sabe que isso faz você descer muito no meu conceito não sabe Mulligan?Sabe que isso me faz gostar bem menos de você...e você sabe o que eu faço com quem eu não gosto  Mulligan? - o homem de voz fria finalmente se mostra, saindo das sombras e caminhando na direção do xerife. Era um rapaz baixo, 1,70 m no máximo, parecia ter entre dezesseis e vinte anos.Cabelos pretos e curtos.Tinha um nariz alargado para os lados e lábios relativamente grossos, seus olhos estavam cobertos por um óculos de sol.Trajava calça jeans e uma jaqueta preta.
- Rhodes? - disse Mulligan, com terror em sua voz - O que deseja aqui?Eu já lhe disse tudo que eu sabia! - o xerife parecia surpreso em ver o misterioso jovem.
- Não Mulligan...não disse...sua pista me levou a mais um beco sem saída...a uma armadilha pra ser mais exato...então Mulligan, eu só vou perguntar mais uma vez... - Rhodes correu tão rápido que pareceu deslizar. Sua mão esquerda alcançou o pescoço de Mulligan e suspendeu seu corpo, enquanto a direita sacou uma Colt Anaconda da jaqueta e pressionou o cano contra a bochecha de Mulligan.Com o susto, o xerife larga sua arma - Onde está William Ghastey?
- Eu te disse...gasp...na outra...vez - Mulligan mal conseguia respirar.Rhodes apertou seu pescoço mais forte ainda.
- Não Mulligan, você não disse...você me mandou pra uma armadilha da outra vez lembra?Você me mandou pra a morte lembra?AGORA COMEÇA A FALAR, OU EU TE MANDO PRO INFERNO AGORA MESMO!!
- Rhodes, eles pegaram minha filhinha!Se eu não te enganasse, eles iam matá-la!Por favor...eu sou um bom homem...não faça isso comig...
- Não Mulligan...eles não pegaram sua filha...passei na sua casa antes de vir aqui...e sua filha estava lá...sã e salva.Também achei a maleta com os quinze mil dólares que te pagaram pra me mandar para aquela cilada... – Rhodes apertou o pescoço ainda mais forte e arrastou a arma até o olho de Mulligan.
Mulligan gelou...sabia que não tinha escapatória agora...mentiras não iam salvá-lo, sua arma estava longe demais...apenas um milagre poderia salvá-lo agora, mas Deus não costuma intervir por seres tão desprezíveis.
- Rhodes...é...Senhor Rhodes por favor...urgh...eu não quero morr...er – suplicou Mulligan, com lágrimas nos olhos. – Eu não sei quem onde está esse tal de Ghastey...eu implor...
- Está bem então - Rhodes solta o pescoço de Mulligan. – Mas você vai me dizer quem te pagou não vai? – pediu Rhodes calmamente enquanto Mulligan recobrava o ar.
- Eu não lembro bem o nome dele...George Knight ou Dwight, eu acho...ele veio no meu escritório de repente, me disse que você ia aparecer e me disse pra te mandar para Leawood, e disse que se desse certo, eu receberia o dinheiro...é tudo que eu sei... – disse o xerife, massageando o pescoço.
- Humm...eu acredito em você – Disse Rhodes calmamente.
- Desculpe por tudo isso...eu não imaginava o que estava esperando por você em Leawood.
- Ok ok...você está perdoado Mulligan...eu acredito em você. – O jovem misterioso deu as costas e seguiu alguns passos em direção as sombras.
- Oh, quase me esqueço – Rhodes deu meia volta e começou a andar em direção de Mulligan – Eu conversei um pouco com sua filha antes de vir pra cá...boa menina, muito esperta...me contou muitas coisas sobre você e sobre sua falecida esposa...e como você é um ser humano desprezível, sobre as surras, sobre os estupros...
Mulligan entrou em pânico.Rhodes não deveria saber disso...ninguém deveria saber...e mais importante, o xerife se perguntava por que Rhodes estava dizendo tudo aquilo.
- Sua filha me pediu pra te dar um recado. – Rhodes sorriu.
- Hã..? – indagou o xerife – do que você es... – Mulligan não chegou a completar a frase. Rhodes dispara três tiros com sua arma na perna esquerda do xerife. A dor é excruciante, mas antes que possa esboçar qualquer reação, Rhodes dispara mais três tiros contra a barriga do xerife.
- Isso é pelos dezessete anos de tortura e sofrimento seu verme...com os comprimentos da sua filha.Nada pessoal Mulligan, problema seu e dela – Rhodes dispara o ultimo tiro, bem entre os olhos. Sangue e pedaços de cérebro se espalham pela estrada de terra.
- Me desculpem por terem que presenciar isso meninos, mas convenhamos que ele mereceu – disse Rhodes calmamente, fitando os irmãos Collins, que estavam imóveis observando a cena por trás do velho Ford da dupla – Não se preocupem, eu sumo com o corpo e vocês poderão seguir suas vidinhas normalmente como se nada tivesse acontecido, desde que prometam que não vão contar nossa pequena aventura pra ninguém...prometem? – a naturalidade com qual Rhodes falava tornava a situação ainda mais perturbadora. Os garotos permaneceram imóveis por cerca de oito segundos, encarando Rhodes. Nada se ouvia além do barulho da chuva. Zack e John estavam completamente aterrorizados. Essa noite com certeza ficará gravada em suas mentes para sempre.
- Ah crianças, o que aconteceu?O gato comeu suas línguas?Qual é...relaxem – Rhodes levou sua mão até o pára-choque do carro, e o empurrou com força, desatolando o veículo.Os irmãos arregalaram os olhos.Aquilo não era humanamente possível...pelo menos não com uma só mão.Rhodes pôs o corpo de Mulligan sobre suas costas, andou até perto da caçamba do carro e jogou o cadáver lá dentro.Rhodes fitou o corpo por alguns segundos, com um olhar que misturava desaprovação, satisfação e nojo, ele se dirigiu até a porta direita do carro, abriu-a e sentou no banco do motorista, empurrando Zack para perto de seu irmão – A chave, por favor. -  pediu Rhodes.Os meninos deram a chave do carro sem pestanejar -  Vamos, vou levar vocês para um bar por aqui...melhor cerveja de todo o Kansas – disse o jovem assassino com um sorriso sádico estampado em sua face...os garotos permaneceram calados – Que medo todo é esse garotos?Eu não mordo...huhuhuhuhahahahahaha... – Gargalhou Rhodes, exibindo os dois pares de caninos enormes...