segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Bloody Rhodes - Conto 6 - "Lírio Sangrento"

- É você Satanás? - pergunta Jason Rhodes, de costas para seu algoz, enquanto seu rosto é lavado pela chuva.
- Sem brincadeiras desgraçado... - diz a atiradora, fitando o vampiro. Parecia furiosa. - Isso acaba hoje.
- E quando começou? - debocha Rhodes.
- Sem joguinhos comigo filho da puta! - ela responde, bufando.
- Você deveria ter ficado na sua cidade e vivendo a sua vida ao invés de perder tempo me seguindo. Poderia ter se machucado... Talvez morrido.
- As únicas balas que eu levei desde que te conheci vieram da sua arma, maldito! - grita a garota.
- Verdade, mas foram culpa sua. Por que você tem idéias idiotas, e alguém tinha que te ensinar uma lição. - fala Jason no mesmo tom de deboche - Confesso que me surpreendi quando você não gritou quando eu te acertei no Fanfare.Tiros na perna doem.
- Sou mais durona do que você pensa. – diz a garota tirando os cabelos castanhos e molhados da frente dos olhos.
- Durona eu não sei... Burra por outro lado... - o vampiro ri.
- CALA A BOCA!
- Não parecia tão durona quando eu atirei no seu ombro. Ele ainda dói?
- CALA A BOCA! – os olhos da garota se enchem de dor.
- Ui, ela ficou nervosa.
- CALA A BOCA! - grita a garota bufando e tremendo de tanta raiva... Jason começa a se virar.
- Para de perder meu tempo, tá legal? Nós sabemos que se você fosse atirar em mim você já teria feito isso.
- CALA A BOCA!
- Não, você cala a boca!Vai embora e para de torrar minha paciência... Meu dia foi bem cansativo.
- CALA A BOCA FILHO DA PUTA! EU VOU ESTOURAR SUA CABEÇA!
- Tá legal... Vai, atira! - gargalha Rhodes.
- CALA A MALDITA BOCA DESGRAÇADO!
- ATIRA!
- CALA A MALDITA BOCA!
- ATIRA LILY!ACABA LOGO COM ISSO!NÃO É O QUE VOCÊ QUER?ABRE UM ROMBO NA MINHA CABEÇA IGUAL AO QUE EU FIZ NA DO SEU PAI!
Ela respira fundo e atira contra  Rhodes...acerta no pescoço.A porta do carro se tinge de vermelho, mas logo é lavada pela água da chuva.Jason se ajoelha e leva a mão no pescoço para diminuir o sangramento.O sorriso em seu rosto desfigurado vai embora e dá lugar a uma expressão confusão.
- Porra!Você atirou mesmo!Não acredi... - O vampiro não chega a terminar a frase. Lily descarrega o sua Glock 9.mm contra Rhodes, que tenta se esquivar como pode se jogando para o lado, rolando na lama, mas ainda leva vários disparos no tronco e na perna direita.Com certeza ele teria sido acertado por todos se ela não tremesse tanto.
- VAI, CONTINUA FALANDO!VOU TE FAZER SANGRAR PELO QUE FEZ COMIGO! – grita a atiradora, apagando a menina insegura que segurava a mesma arma segundos atrás...
Lily recarrega a arma. Jason aproveita esse tempo e se arrasta para trás do carro para conseguir alguma cobertura.... E então puxa sua .44.
Ela corre em direção ao carro atirando, tentando acertar Jason no processo. Rhodes ergue sua Anaconda e dispara duas vezes contra Lily, uma contra o peito e outra contra o ombro. Certeiros. A menina deixa a arma cair e começa a se contorcer de dor na lama. Jason anda até ela e observa, enquanto ela se debate no chão e grita. O sangue escorre velozmente de seus ferimentos. Ele então a levanta e a joga contra a porta do carro, tentando apoiá-la para mantê-la em pé. Ela tenta resistir, chega a acertar um soco no estômago de Jason, que mal o sente.Ela continua a gritar e bufar.
- Eu realmente não te entendo. Eu faço um serviço pra você, de graça, removo a pessoa mais detestável da sua vida do seu caminho, te digo pra viver e é assim que você me agradece?Tentando meter uma bala na minha bunda? - grita Rhodes encarando Lily com seu rosto ferido. - Por quê, Lily?
- VAI PRO INFERNO!
- Fala logo...você não tem a noite toda...
Ela não responde, continua apenas gemendo de dor, quase engasgando com o próprio sangue.
- Responde! - Pergunta Jason, pela primeira vez em muitos anos... Transtornado.Seu olho negro se encontra com os olhas castanhos da menina...O olhar de fera furiosa de Lily se esvai, dando lugar a um olhar vazio.Ela desvia os olhos.
- Voc-cê não entende... - responde Lilian, com tristeza na voz. - Eu... Eu quero morrer.
- Isso eu já entendi porra... A pergunta é, por que você quer morrer? – pergunta Jason, intrigado.
- Eu já morri... - Jason permanece em silêncio, fitando os olhos da garota esperando que ela fale mais... Estranhamente, ela não parece desconfortável com o olho que o falta. Ela tosse um pouco de sangue e continua - eu morri por dentro faz muitos anos... - ela para um pouco e respira fundo -  o suicídio de mamãe, os gritos, as humilhações, as surras...os...estupros...tudo isso me matou, um pouco de cada vez, durante os anos...o que sobrou de mim hoje é apenas uma casca vazia...inútil. - ela para mais um pouco para respirar... A dor ainda é intensa, e as gotas geladas de água nos ferimentos a pioram - quando você me apareceu, dizendo que mataria aquele porco eu pensei que poderia seguir com minha vida... Seguir em frente... Mas a melancolia não sumiu a dor não sumiu... Quando você voltou e impediu meu suicídio, pensei que era um sinal para continuar vivendo, que era mais uma chance... Achei ter sentido uma chama de vida queimar aqui dentro por alguns dias... Mas a melancolia não sumiu a dor não sumiu...
- Então por que você não se matou depois que eu fui embora?- Pergunta Rhodes, cínico.
- Eu tentei... - ela mostra um dos pulsos, com marcas de cortes - mas não consegui... Tentei várias vezes, mas não consegui cortar fundo o suficiente, puxar o gatilho ou colocar a corda no pescoço... Eu não tenho razões pra viver... Não tenho gosto pela vida... Mas não consigo me matar... Patético não é? – ela desvia o olhar por alguns instantes.
- Muito patético... Mas isso ainda não explica por que você veio atrás de mim.
Silêncio. Para de chover.
- Eu quero que você me mate... Eu não consigo dar um fim nisso... Eu sei que você consegue. - Lily direciona o olhar para a Colt Anaconda por um instante, e então volta a fitar os olhos de Rhodes. O vampiro faz uma cara de desaprovação e suspira...
- Não. Você está mentindo... Se quisesse que eu te matasse, não estaria me contando sua história patética, estaria me provocando e cuspindo na minha cara até eu terminar o serviço... Por algum motivo... Você quer que eu sinta pena de você, quer que eu entenda você. POR QUÊ?!
- Por que você se importou. - Ela sorri. Seu olhar muda novamente... O vazio dá lugar a esperança.- Por que você foi a única pessoa que me escutou desde que minha vida desmoronou... Foi o único que fez alguma coisa por mim... O único que se preocupou comigo... - ela abaixa o tom de voz e sussurra - você é tudo que eu tenho.
    Jason para um instante e olha para o céu. "Completamente louca" Pensa Jason.
 - Então foi isso?Toda essa perseguição, essa conversa depressiva, os tiros que eu levei os furos no meu carro... É a sua maneira de se manter próxima de mim por que na sua mente juvenil e insana, eu sou cara que vai ajeitar a sua vida? Acha que eu sou o seu maldito príncipe encantado? - pergunta Rhodes com um cinismo misturado com raiva.
- É. - Responde Lily com uma naturalidade assustadora. – Eu só me sinto viva com você por perto... Eu só sinto algo com você por perto.
- E o que você espera qu... - Rhodes não completa a frase... A garota o interrompe novamente, mas dessa vez não com um tiro, mas com um beijo. Jason sente a mão fria de Lily deslizando por seu rosto rasgado enquanto seus lábios se tocam. Seu gosto  doce aos poucos vai se tornando metálico... Como ferro. O sangue escorre pelo canto da boca da garota... Que aos poucos para de se mexer. Jason sente o corpo de Lily pesar sobre o seu. Sem respiração... Estava morta. Ele observa o cadáver em seus braços por alguns minutos. Rhodes já viu muitas coisas assustadoras e bizarras em sua noite eterna... Já presenciou praticamente todo tipo de atrocidade, e já praticou quase todas elas também, mais de uma vez... Mas nada do que viu ou fez distorceu sua sanidade como a vida fez com aquela menina. Lily era como um quebra-cabeças amassado e sujo de sangue... Você pode juntar as peças e tentar montar... Mas muitas das peças nunca se encaixarão, e você nunca será capaz de ver com clareza a figura que ele forma. Homicida, suicida, obsessiva... E ao mesmo tempo estática, submissa e depressiva... Fascinante. Sua loucura a transformou na donzela em perigo e vilão cruel ao mesmo tempo... Refém de sua própria mente demente... Um monstro insano, criado pela morte da mãe e libertado pela morte do pai. De uma maneira estranha, Jason sente que parte disso é culpa sua. Ele libertou algo único, torto, assustador e mortal. Tinha um tesouro em mãos... Um tesouro ele tinha perdido para a morte... Ou talvez não. O vampiro sorri. Jason reclina o corpo morto da jovem, e então leva as presas ao seu pescoço... Seu olho se torna um globo completamente negro e opaco... Ele silva e então a morde, rasgando a carne com suas presas. O sangue escorre pelo ferimento, inicialmente escarlate, e vai aos poucos se tingindo e negro... O corpo treme um pouco. Lilian ergue as pálpebras, arregalando os orbes negros que agora eram seus olhos e dá um grito animalesco, exibindo os caninos enormes...

“Bem vinda à noite eterna, meu pequeno lírio sangrento...”

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Bloody Rhodes - Conto 5 - "Cruzes"



Catedral Basílica Menor de Colima, México, dez da noite... Nuvens cobrem o céu anunciando uma tempestade que se aproxima. Fim da missa. Os fiéis saem apressados do templo na esperança de alcançarem seus lares antes que a chuva chegue. O lugar fica vazio. O silêncio reinaria supremo no interior do templo se não fosse a conversa sussurrada, quase inaudível vinda do confessionário.
- Padre... Eu fiz o que o senhor pediu. A justiça do Senhor foi feita. - disse Ramón Cortez, com pesar na voz.
- Muito bem filho, muito bem... Com certeza a alma da irmã Piedade descansará em paz agora. - respondeu o padre calmamente.
- Que Deus a tenha padre...
- Que Deus a tenha, meu filho - o padre tosse e se volta para Cortez novamente. - Qual destino deste aos restos do demônio Ramón?
- Queimei e joguei as cinzas ao vento padre... sem vestígios.
- Muito bem filho... Muito bem. 
- Padre, Deus me perdoará pelos meus outros pecados agora que me tornei um instrumento de suas vontades? - perguntou Cortez apreensivo.
- Sim Ramón, o Senhor o perdoará de seus pecados anteriores, desde que continue a seguir suas ordens. Mas ainda há muito a ser feito para apagar seus erros do passado meu jovem... - respondeu o padre com uma calma desconcertante.
- S-Sim padre. - gaguejou Ramón.
Um envelope desliza por baixo da porta do confessionário até os pés de Ramón. A garganta do jovem seca.
- Essa é sua próxima tarefa criança... É a vontade do Senhor.
- Quem é dessa vez padre? - falou Ramón com uma voz baixa, temeroso.
- O nome dele é Hector Banderas... Mais um emissário de Satanás... Adúltero, vaidoso, ganancioso... E assassino. Hector tem envenenado os sopões da cidade, causando a morte de diversos mendigos e de outros necessitados... Essa atrocidade tem que acabar já.
- Estará no Inferno ao fim da noite padre - disse Ramón - a justiça do Senhor será feita.
Cortez levanta-se e sai do confessionário. O padre escuta os pesados portões da catedral se abrindo e se fechando logo em seguida. Alguns segundos de quietude absoluta se passam, enquanto o sacerdote se perde em seus próprios pensamentos... Ele escuta trovões... A chuva chegou. A missão foi dada. Agora é apenas esperar. Ele ergue o velho corpo para sair do confessionário, mas antes que pudesse alcançar a porta, uma voz vinda do outro lado do confessionário rasga o silêncio...
- Padre, eu pequei. - diz a voz.
- Conte-me seus pecados filho...e eu hei de absolvê-lo em nome do Senhor. - diz o sacerdote, tentando mascarar o susto.
- Padre... Eu matei - relata a voz, sem nenhuma emoção.
- Filho, isso é um crime muito grave!E por que você fez isso filho?  - perguntou o padre, aflito...a voz lhe era estranhamente familiar.
- Ele tentou me matar padre...Matar a mim e a um amigo meu.
- Mas filho, você não deveria tê-lo matado... Essa justiça não cabe a ti, e sim ao Senhor.
- Não foi só ele que eu matei padre.
O sacerdote engole seco. Estava lidando com uma alma mais negra do que podia imaginar. Ele tenta observar o rosto do homem através da tela, sem sucesso. As luzes da catedral estavam apagadas.
- Quantos mais filho?
- Perdi a conta depois do milésimo. - ri o homem.O padre se mantém em silêncio.
- O nome Oscar Gutierréz o é familiar padre Frederico? Ou devo te chamar pelo nome verdadeiro Darrel? - indaga o homem.
O nome Oscar atinge o padre como uma marretada no peito. Gutierréz era um de seus agentes... Havia sumido durante um dos trabalhos semanas atrás...
- Sem respostas? Tudo bem... Que tal Xerife Jack Mulligan?Ah quase me esqueço, você mascara muito bem o seu sotaque inglês Darrel...confesso que ainda tive que escutar sua voz duas vezes para reconhecer...
O padre se desespera... Ele está aqui... E não deve estar muito feliz... Ele tenta abrir a porta do confessionário. Bloqueada.
- Opa...não corra ainda Darrel...ainda não terminamos de conversar...e então...qual a sua jogada aqui no México? Drogas? Prostitutas? Assassinos de aluguel? Tudo ao mesmo tempo?
- Vá pro Inferno.
- Já fui e voltei... Não é um lugar tão legal quanto eu pensei. - debocha Jason - aliás, eu escutei sua conversa com o garoto Cortez...usar fiéis de assassinos para sumir com os figurões da cidade para facilitar o seu domínio e do Padrinho...muito esperto...eu deveria ter pensado nisso antes.Vi num jornal que um possível candidato a prefeito sumiu semana passada durante um passeio de carro...aposto que tem sua mão aí...
- Como chegou até mim Castille?  - pergunta o padre claramente transtornado.Jason ri. 
- George Knight... É o nome de um dos seus agentes nos Estados Unidos... Fui a casa dele primeiro... Cara durão. Ele demorou pra falar... Mas me contou sobre seus negócios aqui no México... Eli me arranjou a localização exata... Então, aqui estou.
- Maldição. - praguejou o padre.
- Você deveria ter mandado um Sem-Rosto falar com o porco do Mulligan ao invés de um agente humano... Como você fez com os assassinos de aluguel em Leawood...Erros como esse ainda vão te custar a vida Darrel...aliás...já custaram.
Jason Rhodes dispara três vezes contra o padre pela tela do confessionário. Os gritos de Darrel soam como música para seus ouvidos. Rhodes sai calmamente pela porta segurando uma espingarda calibre. 12 e anda alguns metros em direção ao centro da Catedral... E então grita:
- Sai daí Darrel....Isso com certeza não chegou nem a te ferir direito... - Silêncio. Jason dispara mais três vezes no confessionário, descarregando a arma.
Darrel sai do que sobrou do estande. Ao ficar de pé, o padre olha diretamente para Jason e urra como um animal furioso, enquanto seu corpo começa a se transformar.
- Forma Verdadeira? Isso não me impressiona. - ri Rhodes.
O corpo de Darrel cresce, seus músculos incham rasgando a pele, quatro chifres nascem no topo de sua cabeça... Seus caninos quadruplicam de tamanho e suas unhas se tornam garras. O demônio estava pronto.
Jason faz o primeiro movimento, jogando a arma descarregada no chão e empunhando sua Colt Anaconda...Darrel corre para alcançá-lo...ocorrem os primeiros disparos contra o padre, enquanto Rhodes corre em direção ao altar...As balas perfuram o peito do monstro, mas não o fazem recuar.A gigantesca mão do padre alcança o pescoço de Jason e prende contra o chão, parando-o no meio do caminho.
- Grrraaaaarrghhhh – grunhe Darrel.
- Não consegue falar na Forma Verdadeira? Você é mais fraco do que eu pens... – o monstro pressiona o pescoço de Jason com força, rompendo o piso de madeira abaixo deles. – Ok-kay...nem tão fraco assim. – Darrel ataca com suas garras, tentando decepar a cabeça de Rhodes, que desvia parcialmente ao mover o pescoço para o outro lado... A carne seu lado esquerdo é dilacerada... Seu olho sai rolando pelo piso. Jason contra ataca com um tiro no cotovelo do padre, à queima roupa, seguido de mais um disparo contra o ombro, fazendo com que Darrel diminua a pressão feita contra seu pescoço, permitindo-o escapar. Jason corre para manter uma distância segura enquanto recarrega sua Colt... O padre o persegue. A cada aproximação Rhodes descarregava mais munição contra o inimigo, fazendo-o recuar, até que Darrel o encurrala contra o altar.
- Gwooorhgahhagaaaa!! – urra o monstro, envolto em seu próprio sangue vindo dos buracos de bala, pronto para dar um ultimo bote.
Quando a criatura avança, Jason põe a mão em eu casaco pega uma granada, e a joga contra o chão.
- Hora de ver a Luz do Senhor! – grita Rhodes, jogando a granada no chão. A Catedral se enche de um brilho ofuscante. Flashbang. O monstro recua e tateia as paredes tentando se localizar... E então sente uma pancada violenta no peito. Uma lâmina atravessa sua perna esquerda... Darrel se ajoelha, sem enxergar absolutamente nada, e soca o vento, na esperança de acertar alguma coisa... E é golpeado novamente, dessa vez na cabeça. Quando tenta se levantar, o monstro ainda cego é perfurado por algo no peito, talvez uma lança... Uma lança bem grande.
- Arrhhghhhhhrrrr!! – grita o padre, enquanto é empalado vivo. Ele sente seu corpo ser erguido pela lança. Sua visão começa a voltar. Ele enxerga Jason Rhodes em sua Forma Verdadeira segurando a Cruz de madeira que adornava o altar, e que agora atravessa suas vísceras. Jason flexiona as pernas e segura a cruz na vertical, fazendo com que ela atravesse completamente o tronco de Darrel, e então pula, alcançando o teto da catedral e fincando a cruz lá. O sacerdote ainda se debate por alguns instantes, mas não resiste. O sangue de Darrel jorra no rosto de Rhodes, que lambe o próprio lábio ensangüentado e gargalha freneticamente. Jason então salta de volta ao chão, já em sua forma humana.
- Quem diria? Uma estaca de madeira no coração. – Jason ri e se abaixa para pegar o seu olho esquerdo. Coloca-o no bolso e então sai do templo pelos fundos. A chuva continua. Ele caminha por vários minutos até encontrar seu carro, nos limites da cidadezinha, evitando ser visto por alguém... Afinal, seria muito difícil explicar por que estava completamente ensangüentado e com um olho a menos, além da roupa rasgada e do cheiro de pólvora.
Missão completa... Vingança realizada. Com certeza o Padrinho ia ficar muito “chateado” em perder um de seus homens mais influentes no México. Agora era só voltar ao foco original e encontrar Ghastey.Jason chega até o veículo e começa a catar as chaves no bolso, quando escuta o som de um revolver sendo engatilhado a alguns metros de suas costas.Nenhum dos dois se mexe.O atirador segura a arma com mais firmeza e começa a respirar tão rápido que parece bufar.Jason sorri.

...

- É você Satanás?