terça-feira, 19 de julho de 2011

Bloody Rhodes - Conto 3 - "Uma Noite no Fanfare I"

Já era tarde da noite quando Jason Rhodes chegou em Saint Louis, Missouri, e ele estava com um humor péssimo.Dias atrás, Rhodes foi emboscado em Leawood, graças a uma informação falsa dada por um patife chamado Mulligan.A armadilha nem o estressou muito, afinal, tinha sido uma catástrofe. Seja lá quem quisesse ver Jason morto, não contratou capangas o suficiente e os poucos que estavam lá eram muito incompetentes...Rhodes nem mesmo chegou a se esforçar para dar cabo dos patifes...eles duraram doze minutos e vinte balas.Nenhum deles sabia o nome do empregador, só tinham recebido o dinheiro e as ordens por um mensageiro, que estranhamente, nenhum deles conseguiu descrever.Era isso que estressava Rhodes...seu algoz era um homem sem nome, sem face e sem endereço.Mais importante, Mulligan foi instruído a dar a informação falsa...e isso quer dizer que alguém avisou o infeliz que Rhodes ia chegar até ele, ou seja, alguém antecipou seus passos.Ou alguém está vigiando seus passos ou seu informante era um agente duplo.As duas opções faziam o sangue de Jason ferver, porque se alguém está vigiando-o, ele não estaria mais no controle da situação...Jason demorou vinte e dois anos e gastou muito dinheiro para mascarar sua existência nos últimos tempos, e todo esse esforço jogado fora...não soa bem para ele.Por outro lado, se ele foi traído pelo informante,a situação se agrava mais ainda pois, além de ter sua existência desmascarada como na possibilidade anterior, Rhodes teria que matá-lo, possibilidade que Rhodes preferia não pensar.Afinal, Elijah, o informante, foi os olhos e ouvidos de Jason nos últimos quarenta anos, e acima de tudo, era um bom amigo, e Rhodes não tinha muitos amigos.Para piorar a situação, Eli havia ligado para Rhodes exigindo sua presença urgentemente em St. Louis na noite anterior. A ligação tinha sido muito rápida, sem tempo para perguntas. E isso era muito suspeito. Eli é do tipo que gosta muito de conversar.
Rhodes demorou cerca de vinte minutos para ir da entrada da cidade para o Fanfare, uma das muitas casas noturnas pertencentes a Eli nesse lado do país. Jason vai direto para o estacionamento no subsolo. Sua vaga estava vazia, como sempre. Estranhamente, dessa vez não havia seguranças pra escoltá-lo até uma das dezenas de salas que Eli usava como escritórios. Jason ia ter que procurar sozinho. A porta para o elevador também estava trancada... Ainda teria que ir de escada... Muito suspeito. Rhodes desce alguns andares para baixo, testando todas as portas que encontra, tentando achar a certa. De repente, ele escuta um barulho vindo do andar de cima. Automaticamente ele puxa sua Colt Anaconda .44 de dentro do casaco e se esconde nas sombras.Um casal de jovens, possivelmente drogados, aparece testando as portas, afim de encontrar uma destrancada, possivelmente para transar.Eles não viram Jason, logo não são ameaça.Rhodes segue com seu caminho, ainda testando as portas, quando escuta passos vindos de trás.Dessa vez, de uma pessoa apenas.Ele se vira para trás e atira.Ninguém.Pode ter sido impressão...Jason escuta o gritos do casal depois do tiro...com certeza, alguém deve ter broxado.Ele esboça um leve sorriso e segue pelas escadas.
Depois de meia hora, Jason chega ao sexto subsolo. Ele nunca ia imaginar que eram tantos, nunca tinha descido mais que três. Rhodes finalmente encontra uma porta destrancada. Quando ele começa a abrir a porta, ele escuta uma voz vinda de dentro da sala.
- Pode entrar Tom – disse Eli calmamente enquanto tocava habilidosamente um piano no canto da sala – Estava te esperando.
Rhodes entra no aposento, meio desconfiado. A sala estaria vazia se não fosse por Eli e seu piano. Estranho... Jason nunca tinha visto Eli com menos de quatro seguranças e sem um computador próximo.
Elijah Jackson era um homem poderoso quando vivo, e se tornou praticamente rei da cidade quando morreu. O poder desse vampiro não se devia apenas ao seu patrimônio absurdo e influência por todo o oeste do país, mas também ao seu impressionante porte físico. Eli era um negro de 1.97m e pesava pelo menos 150 kg. Além disso, Eli era um dos vampiros mais inteligentes do país, e era um exímio especialista hacker. Para completar, ainda era um músico muito habilidoso.
- Já disse que estou usando o nome de Jason agora... – disse Rhodes meio contrariado – Por que seus seguranças não me escoltaram até aqui? Teria demorado bem menos...
- Seria arriscado demais... – disse Elijah sem parar de tocar o piano.
- Por quê?Eu não mato um segurança seu faz pelo menos trinta anos.
- Não foi pela segurança deles... Foi pela sua...
- Traduza Elijah...  – disse Rhodes, desconfiado.
- Eu soube de sua aventura em Leawood...
- Eu vinha aqui justamente te perguntar sobre isso. – disse Jason, ríspido.
- Sua busca por William Ghastey fez mais barulho do que o previsto... O Padrinho infiltrou alguém na minha organização para tentar descobrir se você ainda estava vivo e quais os seus objetivos. Infelizmente, só descobri isso tarde demais. Sinto muito Tom.
- É Jason, porra... – respondeu Rhodes frustrado – O Padrinho me descobriu...agora fudeu... Mas isso você poderia ter me dito por telefone mesmo, por que exigiu minha presença aqui?Já estava com saudades?
- Isso também – Elijah riu... Jason manteve uma expressão dura – agora o Padrinho sabe que eu trabalho pra você, isso quer dizer que ele deve tentar me matar em breve.
- Humm...Por isso você não está com nenhum segurança... Você sabe que qualquer um que o Padrinho mandar para te matar vai triturar seus gorilas sem nenhum esforço.
- Precisamente.
- E você me chamou aqui por que espera que eu te proteja caso o inimigo seja musculoso demais pra você enfrentar sozinho?
- Exatamente.
- E a sua ligação me convocando foi curta na esperança de que os agentes do Padrinho não te rastreassem, possivelmente por que você forjou que estava em outro dos seus clubes para ganhar tempo.
- Perfeitamente! Quando você ficou tão esperto Tom? – brincou Eli.
- Muito conveniente... E como eu vou saber que você não está mentindo pra mim?Como vou saber se você não se uniu ao Padrinho pra me matar?Minha cabeça vale muito, e o Padrinho não é um filho da puta que você quer como inimigo, eu já te disse do que o maldito é capaz. Ele com certeza te recompensaria muito bem... Se brincar ele ainda te dá à metade do país na qual você ainda não manda – retrucou Rhodes apontando sua Colt para Elijah.
- Acha mesmo que eu te trairia por metade de um país, sabendo que se nosso plano der certo, eu conseguiria muito mais que isso? – respondeu Eli com certo sarcasmo, enquanto dedilhava seu piano.
- Humm...tens razão...o mundo ou nada para a gente – Riu Rhodes, abaixando a arma.
Jackson pára de tocar. O silêncio toma conta do recinto.
- Os filhos da puta já chegaram? – pergunta Rhodes.
Elijah levanta e começa a estralar os dedos.
- Estão no primeiro subsolo agora.
- Quanto tempo nós temos e o que eles são?
- Caçadores Cinzentos... Oito... E são dos grandes, devem chegar em dois minutos...Tem um grandão com aparência humana, deve ser o chefe do bando – disse Elijah folgando a gravata. Rhodes aponta a .44 para a porta.
- Eles vão entrar pela porta?
Os dois vampiros escutam uma explosão.
- As paredes são reforçadas e eles teriam que entrar nas salas do lado, e todas as salas trancadas estão com alguns explosivos. Eles acabaram de errar uma sala..hehe. Eles podem demolir as paredes, mas vai atrasá-los em alguns segundos... E eles estariam atordoados pelas explosões.
- Esse prédio num desaba encima da gente não?
- O pavimento em que estamos é triplamente reforçado... Agüentaria mil explosões dessas antes de cair. – respondeu Jackson.
Mais uma explosão.
- Um deles virou churrasco... Faltam os sete e o líder – informou Eli.
- Esse troço de onisciência te incomoda às vezes?
- Quase sempre... Tem uma boate aqui encima, tem coisas que eu preferia dormir sem saber... Mas nessas horas como agora ajuda bastante... 
     - Imagino...
     - Tom... Posso te fazer uma pergunta antes que a brincadeira comece?
- Diz aí.
- Aquela sua Fatboy 2008 é e essa Colt cano longo são pra compensar a falta de altura? – Zombou Elijah, quase gargalhando.
Rhodes não teve tempo de responder... Os Caçadores Cinzentos adentram violentamente na sala... Bastante chamuscados... E furiosos.
Essa vai ser uma noite barulhenta.

4 comentários:

  1. Continua mantendo o bom humor negro/trash que é a melhor coisa do Bloody Rhodes xD

    Já que você criou um personagem clichê como o Elijah (sério, imaginei um negão antes de você descrever) seria legal brincar mais com clichês de personagens negros em Hollywood. Ele acabou virando um personagem divertido exatamente por parecer juntar todas as características de um personagem do Samuel L. Jackson.

    As conspirações e reviravoltas estão bem convincentes. Apenas tome mais cuidado com o tempo da narrativa, ás vezes você alterna entre narrar no passado e presente de maneira meio grosseira.

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  2. Eu gostei das descrições e principalmente do Dialogo... Is personagens são interessantes!

    so achei o inicio um pouco comprido... eu particularmente acabei me perdendo um pouco... mas isso é porque enxergo mal.

    Vampiros de verdade Owna! ò_ó \m/

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  3. Gostei do texto! Como o Bardo falou, é bom ficar de olho na mudança de tempo narrativo, talvez fosse melhor escolher um (pretérito, talvez) e se manter nele, pra deixar a leitura mais fluida. Fora isso, muito bom o crescendo de tensão da situação, e o diálogo com direito a piadas trocadas em bons momentos... Viva o humor negro e os vampiros (the ones who don't ****ing sparkle!!) xDDD Espero ver mais em breve!

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  4. Ah, eu gostei muito do humor nesse. Ri muita das falas do Elijah, compostas só de advérbios de modo. Ele é um debochado, que não se preocupa muito com a situação, quão crítica ela esteja, mas também não dorme no ponto. Não achei que ele fosse clichê não... Quem pensa num vampiro negro de 150 kg com talentos musicais? Gostei dele. E da dinâmica entre os dois.

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